A indicação de fontes subsidiárias, consultores etc.
O consumidor no papel do jornalista.
Jornalismo interativo, jornalismo 3.0.
Conteúdo produzido pelo usuário, crowdsourcing
Em vez de sermos os donos e controladores da notícia, seremos os facilitadores dela (Jeff Jarvis/Buzzmachine.com). Ao adicionar suas próprias idéias, utilizadores da internet eram capazes de contribuir com o conhecimento coletivo compartilhado entre tod@s. Com a internet onipresente, todos seriam iguais dentro do ciberespaço. A internet mostra quão grande é a generosidade humana e como a tecnologia pode aumentar e expandir esse traço positivo da natureza humana (Paul Bloon, psicólogo, Universidade de Yale). O fato de qualquer um ser capaz de produzir conteúdo só é significativo se outros puderem desfrutá-lo. O PC transformou todas as pessoas em produtores e editores, mas foi à internet que converteu todo mundo em distribuidores (Chris Anderson, 2006).
Lucia Santaella (2004) enfatiza a interação: “O ciberespaço se refere a um sistema de comunicação eletrônica global que reúne os humanos e os computadores em uma relação simbiótica que cresce exponencialmente graças à comunicação interativa”. Feliz Guattari falou em 1977 sobre essa divisão no contexto da radiofonia, que as estações de rádios livres italianas criaram, ágora eletrônica: “o imenso encontro permanente das ondas do ar”. Os ouvintes eram agora produtores. No início dos anos 1980, como as estações de rádio comunitárias as redes de computadores eram inerentemente participativas e igualitárias. No momento em que a internet se tornou um fenômeno de massa, os escritos de Deleuze e Guattari pareceram verdadeiramente proféticos.
Ao final dos anos 1990, Berners-Lee explicou que esse rompimento tecnológico transformava o consumo passivo de produtos de informação estáticos em um processo fluido de ‘criatividade interativa’. Isso vem a causar um impacto social. A primeira fase – web 1.0 – é a da publicação, home-pages, linguagem HTML, e-mail, chats, os primeiros sistemas de busca etc. A segunda fase é a da cooperação, com redes de relacionamento, blogs, webjornalismo participativo, escrita coletiva, velocidade e convergência. Já na cibercultura surge o espaço ilimitado (como é a rede no todo). É a possibilidade de formar redes de cidadãos conectados.
O contexto: cultura em rede
Nos anos 1980 e 1990, na cultura das redes o foco são os grupos, as comunidades e os links (Leão, 2007, p.70). Alguns autores têm usado o termo web 2.0. Para o pesquisador Alex Primo, a web 2.0 é: a geração de serviços on-line com formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo. O usuário comum participando e gerando conteúdo começou com o surgimento das ferramentas amigáveis, ou seja, mais fáceis de publicação e distribuição, como a dos blogs. A segundo fase, conhecida como web 2.0, em 2003.
O precursor do termo, Tim O’Reilly, enfatiza que, nessa etapa, os aplicativos da WWW passam a utilizar os efeitos de rede e se tornam melhores quanto mais são usados pelas pessoas, catalisando o potencial de emergência da inteligência coletiva. Na cultura das redes, várias lógicas e práticas se transformam. Com as redes informacionais, um novo tipo de modelo de negócios no qual a oferta de produtos é praticamente ilimitada torna-se viável. Essa lógica está aumentando o acesso a conteúdos e produtos variados, assim como transformando hábitos de consumo e estilos de vida.
De 2005 para cá, os sistemas de utilização de tags (Etiquetas ou palavras-chave) têm se tornado altamente populares. O tagueamento permite que os usuários adicionem palavras-chave para recursos da WWW, tais como websites, páginas, imagens, músicas etc.
Tudo começou no jornalismo com a possibilidade de interagir
Para o jornalista Francisco Madureira, no jornal impresso a interatividade com os leitores é a seção de cartas. A interação do usuário é folhear o papel, ir e vir nos texto. Na TV ou no rádio, o máximo de interatividade é mudar de canal ou estação, mandar SMSs ou usar o telefone para participar ao vivo ou votar (Você Decide). Na internet, a interatividade começa pelo clique, que liberta o usuário a seguir o próprio caminho. Além disso, ferramentas como enquetes, fóruns, e-mails e blogs aumentam a sensação de participação na construção do noticiário, enfatiza Madureira. O jornalismo com participação de colaboradores ganha várias denominações: jornalismo aberto, jornalismo colaborativo, jornalismo Open Souse (permiti que várias pessoas escrevam), explica a pesquisadora Catarina Moura, da Universidade da Beira Interior (Portugal).
Jornalismo aberto ou jornalismo open source
O termo open source é encontrado no livro Open Mobile, de Ajit Jaokar e Anna Gatti <openmobile.futuretext.com>, e definido como um conjunto de código aberto sob licenças, que estejam em conformidade com a definição da organização.
Cidadãos no papel de jornalistas
A idéia de transformar internautas comuns em repórteres surge, no mundo, em iniciativas como Slashdot, OhMyNews, Wikinews (Lindemann, 2006, p. 158). Ao se ver diante de uma nova ambiência, em que todos podem também atuar na produção de notícias, o campo do jornalismo utiliza-se da lógica própria desse novo espaço para se manter legitimado (Barichello e Carvalho, 2008). Devido a concorrência, os sites e portais criam espaços para a participação de colaboradores, como o exemplo do “Eu Repórter <oglobo.globo.com/participe> do jornal O Globo.
Em 2006, o iG lança o canal “Minha Notícia”, no qual internautas podem publicar notícias, com o slogan “O mundo é de quem faz”, que estimula a participação colaborativa. No início de 2009, o iG lança a videomensagem, ferramenta que permite gravar pequenos vídeos. A redação propõe temas e convida internautas a enviarem vídeos para contribuir com as coberturas. E incitam os internautas: “Quer contribuir? Agora você pode enviar: (em ícones) textos, áudios, fotos, vídeos e SMS”. Exemplo de: VC no G1 <g1.globo.com/vc-no-g1/>usa frase de impacto: “Mande sua reportagem para o G1 e seja um jornalista cidadão”. No portal terra, o “vc repórter”, entre outros.
Jornalismo-cidadão com mediação
Exemplo de jornalismo participativo com mediação é realizado pelo site OhmyNews <english.ohmynews.com>.
Oh my God!
Desde 2000, o site cidadão OhmyNews é um dos primeiros de jornalismo colaborativo com conteúdo gerado pelo usuário. Foi criado em Seul por Oh Yeon Ho, como uma agência de notícias por uma organização sul-coreana cujo lema era “cada cidadão é um repórter”. A partir daí, passaram a depender de colaboradores e de doações de simpatizantes do projeto.
Quando os portais pedem mais colaboração
Exatamente quando ocorrem incidentes como enchentes na cidade, é comum verificar que os portais pedem que o internauta mande depoimentos ou fotos de seus bairros, muitas vezes de difícil acesso pelos jornalistas.
Aprofundar e dar contexto. Eis os pontos
O Dotspots traz ferramentas para criar e partilhar, e, assim, dá lugar ao jornalismo-cidadão, oferecendo ferramentas de participação multimídia. Mas interessante ainda é que outros colaboradores podem entrar e continuar ampliando a informação, por exemplo, o que está postado. As colaborações são moderadas pela equipe, portanto podem ou não entrar.
Vídeos de todo o mundo
Pessoas comuns com câmera na mão, profissional, semiprofissional, câmeras fotográficas que gravam vídeos ou até mesmo munidas de celulares se alastraram pelo até então fechado mundo dos jornalistas profissionais e compartilham suas gravações com todos. Exemplo do YouTube que em 18 de novembro de 2009, criou o YouTube Direct <youtube.com/direct>, que estrutura melhor um canal de contato de jornalistas-cidadãos com veículos de comunicação que queiram adotar a API. Para aqueles que não têm ferramenta de gerenciamento e recebimento desse tipo de vídeo, é uma boa saída. Até porque editores poderão pautar os jornalistas-cidadãos com os assuntos que querem repercutir.
Fotos de colaboradores
De acordo com Dulcília Buitoni, questões relevantes do jornalismo em geral, incluído aí o fotojornalismo: o exercício da cidadania, repórteres-cidadão ocupando lugar dos profissionais, a ambição de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, a interatividade, os novos territórios (virtuais). Podemos contar com os telefones celulares, as câmeras digitais. Um aparelho celular ou câmera fotográfica, por mais simples que seja, depende mais de quem tem esse aparelho nas mãos, das idéias que tem na cabeça, de como vai registrar e onde vai apresentar a realidade que está à sua frente (Buitoni, no preto).
Jornalismo 3.0
Segundo Beth Saad, presente tuitanto no 11º Simpósio Internacional de Jornalismo On-line, Dan Gillmor, diretor do Knight Center for Digital Media Empreendedorism da Universidade do Arizona de Walter Cronkite, Escola de Jornalismo e Comunicação de Massa <cronkite.asu.edu>, em sua palestra no congresso de jornalismo, Mediactive, jornalismo participativo, afirmou que entramos na era da mídia 3.0 = criação, produção, acesso e disponibilização. “Hoje não se pergunta quem é o jornalista, é melhor pensar como se faz jornalismo” dia também Gillmor.
Entrevista exclusiva com Márion Strecker
Márion Strecker é diretora de conteúdo do portal UOL. Ela fala sobre jornalismo colaborativo, comentários dos internautas, credibilidade etc. Explica que a colaboração pode ser maravilhosa, ou pode ser trágica. Em sua opinião, a colaboração é excepcional, onde a gente tem portas de entrada para o público em praticamente quase todas as páginas do UOL de alguma maneira. A gente tem essa plataforma de vídeo, cada pessoa publica com toda liberdade (o UOL Mais). A gente tem uma família de fóruns: a UOL jogos, UOL Televisão e a UOL Tecnologia, onde cada um tem um fórum grande. Segundo a diretora, é um espaço aberto em que as pessoas podem abrir os seus tópicos, com toda a liberdade, abrir uma discussão e escrever o que bem entenderem. E a gente tem, claro, a estação de Bate-Papo, onde milhões de pessoas participam; os assinantes também podem abrir salas.
Temos o serviço chamado Você Manda. Por exemplo, é Carnaval, ou é Natal, a gente estimula o público a mandar suas imagens. Ou um grande acontecimento jornalístico, por exemplo, enchentes em São Paulo, e pedimos que mandem seu relato, sua foto. Agora, cada vez que a gente faz esse estímulo, é claro que a gente tem um resultado imediato, mas é claro que a gente é obrigado a verificar com atenção tudo que é enviado.
Em determinadas áreas, tem botões de denúncia onde o próprio público pode denunciar um tipo de conteúdo inadequado. E a gente tem todo um sistema que envolve não só a área de tecnologia, mas o departamento jurídico para verificar esse tipo de denúncia que a gente recebe. Porque há de tudo. Tem criminoso na rua e tem criminoso na internet. A mentalidade das pessoas ainda não está educada o suficiente para um ambiente como esse, o do ciberespaço, não sei se um dia estará. Porque é humano, esse comportamento das massas, de como as massas se organizam, é uma coisa extremamente humana.