Archive | Janeiro 2016

Estudantes de jornalismo da UFC ministram oficinas para integrantes da Rádio Lutemos

Através da disciplina de Jornalismo no 3º Setor, coordenada pela professora Márcia Vidal, alunos do 6º semestre de Jornalismo na Universidade Federal do Ceará (UFC) tiveram a oportunidade de ministrar oficinas para estudantes da Faculdade de Educação de Itapipoca (Facedi) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), que integram a webrádio universitária Lutemos.

Descrição da webrádio Lutemos em seu blog (http://radiolutemos.blogspot.com.br/): “[…] uma web rádio livre criada no Laboratório Universitário de Educação Popular, Trabalho, Educação e Movimentos Sociais – Lutemos, da Faculdade de Educação de Itapipoca/FACEDI-UECE e tem como finalidade a difusão de músicas de diversos gêneros nacionais e internacionais, expressando a estética, as ideias e experiências dos movimentos sociais, contribuindo com a organização político-cultural dos povos da região de Itapipoca. Ao lado da Banda de Lata “O Som da Luta”, do Cine Itinerante e de outros projetos do Lutemos, a radiolutemos contribui, na sua especificidade, com a formação estética da juventude, dos estudantes da Facedi, dos movimentos sociais e de educação popular locais.”

A escolha por realizar um trabalho de capacitação junto à webrádio Lutemos aconteceu após uma visita da professora Catarina Farias de Oliveira a uma das aulas da disciplina, onde ela apresentou o projeto. A partir do que foi explicitado por ela, a equipe – formada por Carolina Gomes, Clara Marques, Didio Theorga, Flávia Oliveira, Mylena Gadelha, Rosiane Melo e Taís Barros – percebeu que os membros da webrádio Lutemos possuíam algumas demandas sobre orientação crítica da mídia e conhecimento técnico sobre ferramentas jornalísticas.

SONDAGEM

Antes do início das oficinas, a equipe realizou um encontro com alguns integrantes da webrádio na Uece, Campus Itaperi. O objetivo foi diagnosticar melhor as necessidades do grupo. Após as discussões, os temas das oficinas foram decididos: roteiro, entrevista, locução, cobertura de evento e produção jornalística. Por sugestão da professora Márcia, uma oficina de Leitura Crítica da Mídia também foi acrescentada.

As oficinas se dividiram em dois dias, 12 de dezembro e 23 de janeiro, sempre aos sábados, de 9h às 16h, com intervalos apenas para o almoço. Como a sede da Lutemos se localiza em Itapipoca, a equipe decidiu realizar uma oficina na UFC (para que os alunos conhecessem nosso Campus e a estrutura da Rádio Universitária FM) e outra em Itapipoca (para que a equipe conhecesse as instalações da faculdade e da webrádio).

 

1º DIA – OFICINAS NA UFC

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A oficina realizada no Centro de Humanidades da UFC aconteceu em 12 de dezembro, na sala do Áudio A, do prédio da Comunicação Social. Após a chegada dos alunos, foi realizada uma dinâmica quebra-gelo, na qual todos se organizaram em círculos e fizeram uma apresentação descontraída.

O tema da primeira oficina do dia foi Leitura crítica da mídia, onde a equipe pôde apresentar aos membros da Lutemos um pouco da logística e organização que envolve os veículos da imprensa cearense e trazer à tona a importância de uma análise dos conteúdos aqui publicados.

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Além disso, foram distribuídos materiais e produções jornalísticas para que os alunos (divididos em dupla) fizessem um exercício de criticidade à seleção e hierarquização de notícias feita pela mídia tradicional, relacionando com o trabalho realizado na Lutemos. Ao final da oficina, a equipe instigou os alunos a perceberem a importância de uma mídia alternativa, como a webrádio Lutemos, para traçar novos olhares e perspectivas sobre a comunicação.

Já no período da tarde, foi ministrada a segunda oficina sobre Produção jornalística e cobertura de eventos. Em um primeiro momento, a equipe apresentou conceitos teóricos sobre a função e compromisso social do jornalismo, características de um texto jornalístico (como lead, pirâmide invertida, critérios de noticiabilidade) nos diferentes formatos (rádio, impresso, TV e web) e especificamente para uma webrádio. Nessa parte, os integrantes da equipe discutiram com os alunos sobre noções gerais de organização de um roteiro para rádio, a importância de uma relação de personalidade e identificação dos membros da Lutemos com os ouvintes através do texto e da locução, o cuidado com a seleção de notícias para a Lutemos e a elaboração de pautas.

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No segundo momento, a equipe apresentou um panorama sobre cobertura de eventos. Como a Lutemos é parte integrante da Uece, muitos dos eventos acadêmicos estão presentes nas pautas da webrádio. Tendo em vista a demanda e ciente da infraestrutura da Lutemos, a equipe fez apontamentos sobre questões de logística (divisão de atividades, cronograma de eventos), critérios de escolha (relevância, viabilidade e interesse dos ouvintes pelo assunto) e equipamentos (necessários x disponíveis).

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Os alunos ainda realizaram um exercício em grupo, onde adaptaram uma notícia de jornal impresso para o formato radiofônico. Ao final da oficina, eles tiveram a oportunidade de conhecer os espaços da Rádio Universitária FM.

 

2º DIA – OFICINAS EM ITAPIPOCA

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Manhã de chuva no campus da FACEDI

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Para a segunda fase das oficinas, nossa equipe se deslocou até o município de Itapipoca (distante cerca de 135 km de Fortaleza) para encontrar a turma na FACEDI, localizada logo na entrada da cidade.

Já em sala de aula, a primeira oficina que ministramos foi a de roteiro e locução, o que animou ajudou bastante a turma, já que a Rádio Lutemos tem o projeto de ter o seu programa de debates. Segundo os alunos, o programa teria como foco a discussão sobre a produção científica do corpo docente e discente.

Também foram colocados pela turma alguns exemplos de locutores locais de grande audiência e apontados pontos positivos e negativos do trabalho deles em Itapipoca. Alguns problemas da própria rádio foram apresentados, e algumas das soluções dadas por nossa equipe justamente tinham a ver com a elaboração de um roteiro que norteasse  o trabalho dos alunos diante do microfone.

O modelo de roteiro apresentado foi o do programa “Jornal da Educação”, que vai ao ar na Rádio Universitária de segunda a sexta, das 12:30 às 13h, e os alunos puderam tirar dúvidas com a Carol, que é bolsista e apresentadora no programa.

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Atividades práticas

Após a divisão em quatro equipes de três componentes, foi feita uma atividade prática que consistia em adaptar as notícias para a linguagem do rádio, a partir de recortes retirados do jornal impresso. Depois disso, era só juntar as notícias e montar um roteiro de boletim informativo, que seria lido por todos após o almoço.

 

 

 

Entrevista

Na parte da tarde, abordamos outro assunto que foi sugerido por eles, no caso, como fazer uma boa entrevista para o rádio. Falamos dos tipos de entrevistas e como fazer as perguntas, dentre outros assuntos. A partir do que foi aprendido nas aulas e também das experiências práticas da equipe, demos algumas dicas para facilitar o trabalho, como o uso de aplicativos, leitura da postura do entrevistado, estratégias para grandes eventos e erros comuns que devem ser evitados.

Eles citaram o exemplo mais recente (uma entrevista que tiveram que fazer em um ato público) e elencaram uma série de dúvidas sobre como fazer de maneira mais eficiente as entrevistas, prestar atenção no que estava sendo dito no momento e ainda sobre como abordar as pessoas.

Para finalizar o dia de atividades, eles fizeram a leitura do roteiro que foi escrito na parte da manhã – nós também lemos, quando questionados como faríamos a mesma apresentação – e demos algumas sugestões de como poderia ser melhorado, desde a entonação até a postura na hora da leitura.

 

Impressões

A sensação de todos da equipe foi de dever cumprido e também de satisfação por ter ajudado a fazer do trabalho na Rádio Lutemos um pouco melhor. Conhecemos o pequeno estúdio de dois metros quadrados da Lutemos, munido apenas de um computador, um microfone, cadeira e escrivaninha. Apesar de simples, a rádio tem a missão de levar cultura e educação para a região.

Tivemos a chance oriundos de vários distritos de Itapipoca – muitos tiveram inclusive que enfrentar estradas carroçáveis para estarem com a gente naquele dia. Foi uma experiência gratificante e que também nos ensinou.  

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Estudantes de Jornalismo facilitam oficinas para membros do grupo Caju, da Faculdade de Direito da UFC

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Alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), como parte das atividades da cadeira de Jornalismo no 3º Setor, ministrada pela professora Márcia Vidal, ofertaram oficinas relacionadas à Comunicação para alunos-membros do projeto de extensão da Faculdade de Direito da UFC, Caju, que trabalha com Assessoria Jurídica Universitária Popular.

A escolha dos membros da disciplina de Jornalismo no 3º Setor – Bárbara Barroso, Daniel Macêdo, Frida Popp, João Gabriel, Nah Jereissati e Rebecca Ramos – pelo Caju foi baseada no conhecimento que eles tinham das ações do grupo, e também na percepção de algumas possíveis demandas que os membros deste poderiam ter.

ANTES DAS OFICINAS, AUTODIAGNÓSTICO

Em reunião prévia com membros do Caju, conhecida no terceiro setor como reunião de  autodiagnóstico, os membros da equipe que facilitou as oficinas puderam diagnosticar os principais pontos nos quais o Caju precisava de apoio no que se refere à questões de Comunicação. Foi a partir desse diagnóstico que deu-se a escolha pelas as oficinas pensadas para melhor atender essas demandas, a saber: Democratização da comunicação; Leitura crítica da mídia; fotografia; e mídias digitais.

INTRODUÇÃO À DEMOCOM

A primeira oficina ocorreu em 14 de dezembro, na sala do Caju, localizada na Faculdade de Direito da UFC. A escolha do tema, Democratização da Comunicação (DEMOCOM), pareceu natural aos alunos da disciplina, posto que é um assunto que envolve as duas áreas, Comunicação e Direito, além de servir como base para o entendimento dos membros do CAJU sobre como funciona a mídia e de como eles, sendo uma organização de Terceiro Setor, podem agir nesse contexto.

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Antes da oficina em si, no entanto, os alunos do Jornalismo e do Caju experimentaram uma brincadeira quebra-gelo, para que o clima fosse o mais informal e natural possível entre eles. Depois, explanando conceitos como monopólio e oligopólio, os alunos da disciplina trouxeram ao Caju vídeos introdutórios sobre o tema, além de procurar estimular debates e reflexões entre seus membros.

OLHAR CRÍTICO PARA A MÍDIA E OLHAR APURADO PARA A IMAGEM

A segunda oficina, de Leitura crítica da mídia, funcionou como uma extensão natural da primeira. Ministrada no dia 21 de dezembro, a intenção nesse segundo dia foi mais ouvir os membros do Caju do que falar. A ideia era, justamente como o nome sugere, fazer com que eles exercitassem a criticidade em relação às produções midiáticas. Embasando as discussões nos conhecimentos da primeira oficina e nas próprias vivências, questões como a representatividade midiática e a mídia no Ceará foram debatidas entre os membros do Caju.

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Após o recesso de final de ano, as atividades voltaram com a oficina sobre vídeo e fotografia, ministrada no dia 11 de janeiro de 2016. A escolha por essa temática se deu através do entendimento de que, em tempos de redes sociais, a força da imagem e do audiovisual passam a ser até maiores que a de textos, especialmente para fanpage no Facebook e conta no Instagram, redes essas que Caju possui.

Na oficina, foram divididos com os membros do Caju noções básicas de enquadramento, formato de fotos, além de um foco especial na fotografia e no vídeo de celular – este é um equipamento onipresente entre os membros do Caju e bem mais acessível para obtenção de imagens do que uma câmera profissional ou semiprofissional; é, enfim, uma das formas mais fáceis e baratas de obter registros visuais.

ÚLTIMO DIA DE OFICINA

Na quarta e última oficina, ministrada no dia 15 de janeiro, foi explanada a importância das mídias sociais na visibilidade de um grupo ou organização. A ideia inicial partiu do debate entre os próprios membros do CAJU a respeito da imagem que os membros desejavam passar para o público e da ligação disso ao funcionamento de suas redes sociais – a assiduidade de postagens, seleção de conteúdos que alimentavam a fanpage e tipo de linguagem utilizada nas publicações -, a fim de que pudessem ser enxergadas as falhas existentes, pontos que deveriam ser melhorados e de que forma as melhorias afetariam a forma com que o CAJU é visto pelos seus seguidores.

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Foi feito, então, um planejamento e cronograma que os membros usarão no Facebook e Instagram. Os dias de postagem, tais como os conteúdos de relevância a serem publicados durante a semana, foram decididos entre os membros na reunião semanal do CAJU.

Estudantes realizam série de oficinas com jovens do Poço da Draga

Durante um pouco mais de um mês, as visitas à comunidade do Poço da Draga tornaram-se parte da rotina da cadeira de 3º setor do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará. O grupo de alunos chegou junto com a realização Feira Massa, evento realizado por uma instituição particular.

A agitação e mobilização dos moradores era visível, as atividades de capoeira, dança, oficinas e produção do evento eram sempre bem movimentadas. A memória coletiva do Poço da Draga vem dos seus 109 anos de criação e das inúmeras histórias dos pescadores e refugiados da seca que fizeram morada junto ao mar.

 

(Foto: Maggie Paiva)

(Foto: Maggie Paiva)

 

Comunidade Poço da Draga

 

Alguém um dia disse que se fizéssemos o mesmo caminho por seguidos dias consecutivos, isso significaria que não somos livres. Tal pessoa falava do automatismo que acompanha nosso cotidiano contemporâneo na cidade. Acontece que, entre o mar e o centro de Fortaleza, existe um lugar que é puro descobrimento e libertação.

Ednardo cantara este lugar em suas “Longarinas”: a ponte velha que entre as espumas do verde mar teima resistindo. E toda a comunidade que se espalhou nas areias da Praia do Peixe (Praia de Iracema) resiste à especulação imobiliária, estigmatização, marginalização, truculência policial e preconceito.

Percebemos no Poço da Draga a preservação de associações, de lutas comunitárias, de “bairrismos”, da tradição oral, e uma auto sustentabilidade surpreendente, desde o carro do pão que passa dando as notícias ao final do dia à fala politizada de Izabel Cristina (49), presidente da ONG Velaumar.

O pavilhão central é uma espécie de ponto de encontro, fica bem no início da Rua dos Tabajaras – a rua onde encontra-se o Mambembe, o Estoril, o Pirata bar. Nessa rua, terminam muitas de nossas noites e começa a história de vários fortalezenses. No lugar onde desagua o Riacho Pajeú, ali perto de onde era a casa de Dom Helder Câmara, cresce uma gente cheia de histórias no rosto e germinam histórias de lutas.

 

(Foto: Maggie Paiva)

(Foto: Maggie Paiva)

 

As embarcações que lotavam o mar no início de 1900, a construção da Ponte dos Ingleses, a mudança do porto para o Mucuripe, as irmãs josefinas, o Mara Hope, a construção do Acquário, os pulos no fim de tarde da ponte para o mar, as contações de histórias, os poucos pescadores que restaram, a falta de saneamento, os carrinhos de reciclagem e as ruas estreitas são páginas da história do Poço da Draga.

Poço porque quando era trespassado pelo riacho e chovia, acabava empoçado; draga por causa do nome dos instrumentos que retiram a areia do mar.

 

Diagnóstico

 

Em nossos primeiros contatos com a ONG Velaumar e a comunidade Poço da Draga, a questão do tipo de plataforma com a qual trabalharíamos surgiu. Inicialmente, a ideia era usar as redes sociais para comunicação externa, e criar um jornal comunitário para comunicação interna.

Por fim, decidiu-se: Redes Sociais (comunicação externa). A comunidade já possuía um site e uma página no Facebook, porém pouco atualizados. A prospota seria trabalhar a página do Facebook e então integrá-la ao site, visando aumentar a visibilidade da ONG. Essa plataforma não foi escolhida para comunicação interna por poucos moradores terem o costume de usar dispositivos com acesso à internet.

Rádio comunitária (comunicação interna): em detrimento do jornal comunitário, escolhemos a Rádio por ser de interesse da comunidade, e por apresentar um potencial interessante. Muitos moradores já tinham o costume de ouvir rádio, e o conteúdo trabalhado poderia também ser integrado ao site e redes sociais, seja no formato de rádio online ou podcast.

 

28 de Novembro de 2015

 

Neste dia, aconteceu o primeiro contato presencial com Izabel Cristina, uma das organizadoras e diretora da ONG Velaumar. O encontro ocorreu na casa dela, também sede da ONG. A Velaumar foi fundada por sua avó, no mesmo local onde Izabel vive hoje, e trata-se de uma organização quase familiar, onde todos os membros da família colaboram com o projeto.

A ONG tem como objetivo apoiar e divulgar o trabalho dos pescadores, assim como dos outros moradores da comunidade, além de organizar eventos culturais e esportivos. A Velaumar expandiu-se para outras localidades e também se articula com outras comunidades da capital.

 

(Foto: Maggie Paiva)

(Foto: Maggie Paiva)

 

(Para ver mais fotos do nosso reconhecimento da comunidade, clique aqui)

 

O contato com Isabel teve que ser rápido, pois estava acontecendo a organização da Feira Massa que teria lugar na comunidade na semana seguinte. Fomos apresentados à Helena, uma das organizadoras da Feira, que, com Izabel, nos ofereceu um dos dias da programação do evento para a realização da nossa primeira oficina para a disciplina de Terceiro Setor.

Apesar do contato ainda superficial, a primeira oficina, com a temática de Fanzines, foi marcada para a quinta-feira da semana seguinte. Infelizmente, a oficina acabou não acontecendo.

Izabel pediu para que retornássemos na segunda-feira (30) para conversar com ela sobre a história da comunidade e a ação da ONG Velaumar. Esse primeiro encontro teve como local o pavilhão da comunidade, que estava movimentado com os preparativos para um encontro dos AA (Alcoólicos Anônimos) e com a organização da Feira Massa.

 

14 de dezembro de 2015

 

Além de Izabel, a organização da ONG fica nas mãos de Marilac Lima, sua irmã, e também de outras articuladoras: Vicenza e Neidinha. Um dos primeiros pontos destacados na conversa foi que, apesar de toda a comunidade normalmente se engajar nas atividades realizadas pela ONG, não são muitos aqueles que trabalham ativamente na organização e execução dos projetos.

Tudo deve ser acompanhado de perto por Isabel e pelas articuladoras; elas acabam ficando sobrecarregadas. Izabel e Marilac são sempre procuradas quando alguém de fora chega à comunidade, seja com o intuito de fazer um estudo, uma reportagem, ou realizar um projeto. Elas coordenam as relações de comunicação da comunidade internamente e com o restante da sociedade.

Nesse segundo encontro, a diretora da ONG nos apresentou a história do Velaumar e como ela funciona. Mencionou também as filiações com outras organizações. O encontro foi bastante informal, na sala de estar da casa de Izabel, com a chegada posterior de Marilac, que contribuiu com a discussão.

Também estava presente a filha de Izabel, que é responsável pela manutenção da página do Facebook da comunidade Poço da Draga. Elas também nos confessaram a alegria de conseguirem concluir o ensino superior e ajudarem a comunidade.

Nesse encontro, pudemos introduzir com mais calma o teor do projeto que queríamos desenvolver junto à comunidade, explicando do que se trata a disciplina de Jornalismo no 3º Setor. Explicamos que a ideia era criar um plano de comunicação, em parceria com a ONG, que atendesse às demandas da comunidade.

Pelo que ouvimos, constatamos primeiramente uma deficiência de comunicação externa, visto que o site da comunidade é pouco atualizado, e todo e qualquer contato recai sobre Izabel e as articuladoras. Constatamos também que a comunicação interna é efetiva, porém não é muito trabalhosa e por vezes burocráticas.

Isabel e Marilac muitas vezes têm que passar pessoalmente na casa de todos os moradores, convidando para eventos, lembrando de compromissos, trazendo avisos. Se isso não fosse feito, a comunidade se dispersaria e muitas vezes deixaria de se engajar, comentou Izabel. Também é comum o uso do sistema de som do carro do pão, pelas duas irmãs, para divulgarem informações dentro da comunidade.

Durante a conversa, as irmãs revelaram que tinham grande interesse em um jornal e em uma rádio comunitária. Concordaram com a nossa proposta de que uma abordagem voltada para as redes sociais, com fins de comunicação externa, também seria de grande proveito para a comunidade.

Necessitando focar um pouco mais, acabamos definindo, junto a ela, que trabalharíamos com os seguintes eixos: rádio comunitária (comunicação interna) e mídias sociais (comunicação externa). A ideia era capacitar os membros da ONG e os outros moradores da comunidade a se engajarem mais nos projetos da ONG.

As duas revelaram que a maioria dos moradores se tornava tímido quando era convidado a falar da ONG ou da comunidade para terceiros; embora dominassem bem o assunto, sentiam-se inseguros para fazê-lo.

Além de capacitar tecnicamente essas pessoas, propusemos uma roda de conversas para tratar desse fator mais psicológico, ou seja, deixá-las aptas a falarem, produzirem conteúdo por si próprias. Nos despedimos das irmãs depois de três horas de conversa, e ficamos de dar retorno sobre as datas e quantidade de oficinas.

 

Na semana seguinte ao segundo encontro

 

Esboçamos um esquema com 3 dias de oficinas, duas por dia (metade de Mídias Sociais e a outra metade de Rádio). Ambas seriam ministradas paralelamente, pois a própria Izabel apontou que teriam públicos-alvo diferentes, destacando principalmente a questão da faixa-etária.

Assim sendo, teríamos oficinas nos dias 21 de dezembro, e 4 e 11 de janeiro. O dia 18 seria um retorno à comunidade para um feedback e a apuração do produto final, que seria trabalhado no decorrer das oficinas.

Izabel e Marilac nos pediram para levantar o orçamento de um equipamento de Rádio para as oficinas, assim como de um conjunto de caixas de som que seriam espalhadas pela comunidade e transmitiriam o programa realizado ao final do projeto.

Cada oficina teria de duas a quatro horas, dependendo da necessidade. Segue um planejamento das duas séries de oficinas:

 

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Entramos em contato com Isabel e, devido às movimentações de fim de ano, só foi possível marcar a primeira oficina para o dia 04 de janeiro de 2016.

A estrutura do projeto se manteve, com a única diferença sendo a data de início e a data de término: a última oficina ocorreria em 18/01/16; na sexta-feira (22/01) haveria um retorno à comunidade para realizar os feedbacks antes propostos para o dia 18.

 

08 de janeiro de 2016

 
A primeira oficina ocorreu nesse dia. Mais uma vez, houve problemas para realizar a oficina no dia 04, como previsto, mas conseguimos reagendar para a mesma semana, na sexta-feira. Izabel, através da divulgação na semana anterior, conseguiu 8 participantes da comunidade.

Por questão do pequeno número de participantes e pelo fato de todos estarem interessados em ter oficinas tanto em Rádio como em Mídias Sociais, fizemos uma única turma que assistiria ao conteúdo dessas duas séries de oficinas.

 

(Foto: Maggie Paiva)

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A oficina estava marcada para ter início às 14:00, mas com o atraso dos participantes da comunidade, teve início às 14:30. Alguns participantes chegaram ainda após esse horário, mas totalizaram um público de 10 pessoas.

A comunidade do Poço da Draga é bastante movimentada e sempre está sediando algum tipo de projeto. Por conta de uma filmagem que ocorreria no espaço do Pavilhão (onde estava sendo realizada a oficina), tivemos que encerrar às 15:30.

Conversamos um pouco sobre os interesses e a familiaridade dos participantes tanto com as Redes Sociais como com a programação de Rádio. Enquanto explicávamos as particularidades técnicas dessas duas plataformas, foram surgindo ideias e opiniões.

 

(Foto: Maggie Paiva)

(Foto: Maggie Paiva)

 

Logo, se tornou consensual que as duas plataformas deveriam estar integradas. Deveria haver uma retroalimentação de conteúdo, e provavelmente a rádio comunitária do Poço da Draga deveria estar plenamente integrada com o site e as mídias sociais.

A rede social escolhida pelos participantes para se trabalhar foi o Facebook, e apresentamos o básico da criação e manutenção de uma fanpage nessa rede social. Apontamos a possibilidade de diálogo do site do Poço da Draga, mantido pela comunidade, e a fanpage do Facebook.

Sobre a questão da Rádio, todos concordaram com a necessidade de se mesclar informação e entretenimento. Narração de jogos e campeonatos que ocorressem dentro da comunidade, recados e participação dos outros moradores, notícias sobre eventos culturais e notas de serviço sobre o comércio local foram alguns pontos apontados. Um dos participantes improvisou locuções de notas rápidas e foi apontado pelos outros como possível locutor fixo da rádio.

O clima da oficina começou meio frio, mas foi ficando mais descontraído à medida que os participantes interagiam e tinham ideias. Ao final, todos pareciam bastante empolgados e contribuíram bastante, contando histórias da comunidade, explicando o que imaginavam que daria certo ou não, sugerindo ideias.

Eles também estavam interessados em um jornal comunitário; apesar de não ser um dos produtos finais que planejávamos produzir ao decorrer das oficinas, introduzimos algumas questões básicas sobre esse tema e explicamos como ele poderia tomar parte na integração da rádio comunitária e as mídias sócias.

A oficina terminou com a próxima já confirmada para 14/01. Deixamos também como atividade a produção de fotos e textos radiofônicos curtos para serem analisados e discutidos na oficina seguinte.

 

(Foto: Maggie Paiva)

(Foto: Maggie Paiva)

 

(Para ver mais fotos feitas durante as oficinas realizadas, clique aqui)

 
11 de janeiro de 2016

 
O segundo dia de oficinas seria dedicado à fotografia e edição de áudio, contemplando assim conteúdos relacionados à Mídias Sociais e Rádio. Os próprios participantes fizeram bastante questão de frisar o interesse em uma oficina de caráter mais técnico de edição.

Às 14:30, porém, só havia aparecido três dos meninos que participaram das oficinas anteriores. Entramos em contato com Izabel, que se propôs a chamar os outros, mas nos retornou dizendo que havia ligado para todos, sem receber resposta de alguns.

Os participantes presentes não trouxeram o material pedido nas oficinas anteriores, então pedimos que escrevessem textos curtos para serem usados como notas radiofônicas.

Após 10 minutos, conferimos os textos e os encorajamos a ensaiar uma locução. Um dos participantes teve um desempenho bastante admirável, e pedimos então que ele lesse todas as notas, como em um boletim. Essa versão foi gravada.

 

(Foto: Maggie Paiva)

(Foto: Maggie Paiva)

 

Para falar sobre edição radiofônica, usamos a locução gravada e explicamos como editar áudios no software Audacity. Apresentamos todas as principais funções do programa, corrigimos os poucos erros de locução e depois ouvimos a versão finalizada.

Em seguida, iniciamos a parte sobre Fotografia, apresentando alguns conceitos básicos de composição. Mostramos algumas funções de câmeras profissionais e semiprofissionais, que também estão presentes em alguns modelos de smartphones, como os da maioria participantes da oficina.

Após esclarecer esses conceitos, levamos os participantes para fotografarem a praia da comunidade, munidos dos smartphones e das câmeras que emprestamos. A atividade foi acompanhada de perto, esclarecendo dúvidas sempre que necessário e comentando as fotos durante toda o percurso.

As fotos a seguir foram produzidas durante a oficina de fotografia pelos próprios jovens da comunidade Poço da Draga.

 

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Adeus, por hora

 

Com o fim do segundo dia de oficinas e a dificuldade (conflitos de agenda, choque de eventos, pré-carnaval, aulas) em realizar uma nova tarde de encontros, declaramos por encerrada a série de oficinas com os jovens da comunidade, com uma sensação, na verdade uma mescla de sensações, de dever cumprido e vontade de fazer mais.

Se a vontade de fazer poderia, dificilmente, ser saciada, é difícil saber, mas em meio a essa sede, no mesmo poço que se alagava, brotou o filete de água de informação e conhecimento que pode ser interrompido, ou pode virar riacho de água limpa. Aqui, a vontade é mais que um desejo, tão poderosa quanto as ondas do mar que banham a praia em frente à comunidade.

Saindo, olhando para trás, bate a saudade das horas usadas, palavras trocadas e sorrisos sinceros de uma vida até sofrida, mas genuinamente vivida, às margens de uma cidade que muita fala, mas pouco vê, muito aponta, mas pouca enxerga.

Superar essa barreira e entrar naquela comunidade foi mais que conhecer um lugar que muito nos escondem, muito nos negam, foi sem dúvida se conhecer um pouco se vendo em um ambiente diferente e quase novo, rodeados pessoas e situações novas, fomos também renovados.

Do trabalho realizado, trazemos os aprendizados, palavra essa que poderia representar o que todo o trabalho foi, provenientes do erros, das falhas, dos imprevistos ou mesmo dos acertos, muito se tirou do que foi feito. Mas, melhor que isso, foi ter regado a semente da vontade que teimava em brotar mesmo na seca.

Vimos, vivemos, aprendemos, pensamos, passamos, ensinamos, conversamos, discutimos, rimos, andamos, aplaudimos. Conhecemos. Foi uma honra ter nos apresentado, foi uma honra ter ensinado. Somos mais do que éramos antes de tudo, que a comunidade e aqueles jovens possam ser também um pouco além do que eram.

 

(Foto: Maggie Paiva)

(Foto: Maggie Paiva)

 

As palavras não foram vazias e o coração foi cheio. Que a vontade prossiga, que o aprendizado dure e que tudo – absolutamente tudo – possa ter, de pouco ou de muito, algum significado. Por fim, que todos possam ter a chance de conhecer – melhor – o Poço da Draga como conhecemos. O prazer foi nosso.

 

 

Você pode conferir, ainda, o ensaio “Poço da Draga em Preto e Branco”, outro resumo dos dias em que estivemos na comunidade, visitando, fazendo contato ou participando das oficinas.

 

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Thalita Moura, Patrício Alencar, Maggie Paiva, Clara de Castro, Wladiane Costa, Victor Comenho, Lauriberto Pompeu, Átala Sousa. 

Jornalismo no 3º Setor – 2015.2.