O Instituto Hélio Goes, uma Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC) localizada em Fortaleza, foi o local escolhido por alunos de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) para realizar uma atividade da disciplina de Jornalismo no 3º Setor.
O trabalho foi dividido em quatro momentos. No primeiro, foi feito um diagnóstico para detectar as principais necessidades da instituição relacionadas à comunicação. Verificadas as carências, foram realizadas três oficinais: Assessoria de Imprensa e suas Aplicações, Fotografia para Eventos e Atuação das Organizações nas Redes Sociais. As oficinas, realizadas nos dias 26/10, 03/11 e 10/11, reuniram, em média, 20 pessoas por dia, entre alunos e professores do Instituto.
Diagnóstico
O primeiro contato com a Instituição foi feito no dia 6 de outubro, quando membros da equipe fizeram uma visita às instalações físicas e conversaram com o professor Paulo Roberto. Engenheiro eletrônico, abandonou a profissão quando o dificuldade para enxergar começou a atrapalhar os trabalhos. Decidiu, então, se dedicar a ajudar outras pessoas com deficiência visual e hoje é o responsável pelo laboratório de informática, além de ser muito querido pelos alunos.
Paulo foi fundamental para a elaboração da série de oficinas Noções Básicas de Assessoria de Imprensa, ministradas pelos alunos Anderson Cid, Camila Holanda, Gustavo Linhares, Karoline Rodrigues e Maria Isabella, como atividade da disciplina de Jornalismo no 3º setor, do curso de Jornalismo da UFC.
Outra equipe da mesma disciplina, em semestre anterior, já havia feito algumas oficinas de rádio para os alunos assistidos pelo Instituto dos Cegos. Dessa vez, os universitários tinham algo diferente em mente: capacitar os servidores da casa para lidarem com tarefas comuns a assessores de imprensa, como escrever releases, manter páginas online sempre atualizadas e a tirar boas fotos.
Tão logo começou a conversa com o professor Paulo, os universitários foram surpreendidos com a informação de que o instituto não tinha equipe de comunicação. Uma jornalista, há muito tempo, se voluntariara para ocupar a vaga. Porém, atualmente o Instituto conta com a professora Juliana Cláudio e outros funcionários, que organizam os eventos e tentam pautá-los nos meios de comunicação. Eles seriam o público-alvo das oficinas.
Esses servidores também são responsáveis pela manutenção do site e da fanpage do Instituto dos Cegos. O site está desatualizado e a fanpage não tinha tanto alcance (contava com pouco mais de 300 curtidas). A pouca frequência das postagens e a qualidade das fotos publicadas foram os principais motivos para que fossem incluídos no curso os módulos de Fotografia e Redes Sociais.
Uma grande vantagem de desenvolver esse tipo de atividade no Hélio Goes é a de que eles dispõem de uma ótima estrutura. Acostumados a receber cursos, têm uma ampla sala específica para isso, equipada com datashow, notebook e ar-condicionado. Outro espaço crucial para o desenvolvimento das oficinas foi o Laboratório de Informática, com computadores equipados com o DosVox, um software que permite aos cegos ouvir o que escrevem no teclado, facilitando o desenvolvimento da oficina de Atuação das Organizações nas Redes Sociais.
Duas semanas depois, no dia 19 de outubro, a equipe voltou para combinar as datas com o professor Paulo Roberto e ficou fechado o cronograma:
26/10 – Assessoria de Imprensa
03/11 – Fotografia de Eventos
10/11 – Atuação das Organizações nas Redes Sociais
Oficina de Assessoria de Imprensa
Com objetivo de ensinar as noções básicas, porém mais importantes, da assessoria de imprensa, foi dado início à sequencia de oficinas com a temática Assessoria de Imprensa e suas Aplicações. O momento, assim como os módulos seguintes, foi dividido em três partes: explicação teórica, explanação do assunto na parte prática e a aplicação de uma atividade que permita usar os conhecimentos apreendidos no decorrer da oficina.
A aula foi ministrada pelas universitárias Camila Holanda e Karoline Rodrigues e contou com uma introdução sobre o que é de fato assessoria de imprensa, em um primeiro momento, elucidando questões sobre quais os fazeres dessa atividades, qual a sua importância para empresas ou instituições como o Instituto dos Cegos Hélio Goes, como é realizado, quais os procedimentos principais, etc.
Para medir a profundidade de conhecimentos que os alunos tinham da temática, eles foram questionados sobre qual a importância da assessoria e como ela deveria ser feita. A grande minoria já tinha uma breve noção do que seria tratado, dentre eles havia o Lucas, quem já tinha trabalhado durante cinco anos, segundo ele, com organização de eventos. E havia também Carmem Menezes, jornalista que, devido a sua experiência em sua carreira, conhecia os por menores da profissão e da atividade – métodos os quais o assessor, como por exemplo, contar com a mídia externa, pode se utilizar para fortalecer a comunicação da sua instituição e alimentar a comunicação para com o público visado.
Quanto a parte prática, foi mostrado e citado quais os passos fundamentais para ser realizado durante o exercer do assessor de comunicação, como planejamento de comunicação, media training, notas, convocação da imprensa, contato com os jornalistas, informar, releases, follow-up e, por fim, a avaliação dos resultados.
E, por fim, o momento da atividade foi realizado. Ele se resumiu em pedir aos alunos que produzissem um release, assim como ensinado anteriormente, sobre quaisquer eventos que estejam ocorrendo ou que iriam ocorrer no instituto. Essa serviu como avaliação para compilar o aprendizado. Na semana seguinte, os releases foram corrigidos e devolvidos para que eles pudessem enviar para imprensa e divulgá-los para os emails que reunimos com essa finalidade.
Oficina de Fotografia
O objetivo dessa oficina era ensinar as noções básicas de fotografia. A aula, assim como os demais módulos, foi divida em três partes: teoria, explanação do assunto na parte prática e a aplicação de uma atividade, que permitiu usar os conhecimentos apreendidos durante o curso. A Oficina de Fotografia foi ministrada no dia 03/11 pelo estudantes Anderson Cid e Maria Isabella Miranda.
Inicialmente, foi abordada a história da fotografia, de modo a situar os alunos no tema abordado, nesse início de aula foi repassado a relação entre a fotografia e a guerra, a história do fotojornalismo e a fotografia documentária. Após esse início, a aula prossegui explicando os equipamentos básicos para se fotografar. Nesse momento, passamos pelos alunos algumas câmeras, lentes e outros equipamentos.
Outros assuntos abordados durante a aula foram: iluminação, foco, abertura de lente e velocidade do obturador. Assuntos essenciais para o ensino da fotografia básica. Após a parte teórica, tivemos um breve intervalo, no qual os alunos puderam desfrutar de um lanche e contar um pouco de suas experiências com a fotografia.
Ao voltarmos para a aula, pudemos colocar em prática a arte de fotografar. Dividimos as salas em grupos de três, com uma câmera pra cada equipe. Passamos, então, a conversar acerca de explicações técnicas: como segurar a máquina, onde apoiá-la, os tipos de enquadramento, o vocabulário do mundo da fotografia, a distância que devem estar do objeto a ser retratado para o enquadramento desejado.
Acompanhados por membros da equipe e professores, os alunos tiveram a oportunidade de fotografar ambientes do Instituto e colegas de turma. Após a atividade, todos retornaram para a sala e foram convidados a trazerem na próxima aula cinco fotografias tiradas durante a semana.
Oficina de Redes Sociais
Como forma de agregar e aplicar o que foi exposto nos dois primeiros encontros, a terceira e última oficina falou acerca da importância das redes sociais na internet para a assessoria de imprensa do Instituto. A oficina foi ministrada pelos universitários Gustavo Linhares e Karoline Rodrigues.
Primeiramente, foi exposta um pouco da história das redes sociais na internet, desde o surgimento à popularização. Também foi levada aos alunos uma contextualização acerca da importância dessa tecnologia para as empresas na contemporaneidade e quais as formas mais utilizadas para divulgar a organização nas redes sociais.
Após isso, foram listadas algumas peculiaridades das principais redes sociais na internet atualmente (Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e Flickr) e como acontece a atuação das empresas dentro delas. Nesse momento, foi explicado, por exemplo, o porquê de uma fan page ser mais indicada para empresas do que um perfil pessoal no Facebook, bem como os motivos pelos quais uma galeria de imagens no Flirck é um dos modos mais adequados para armazenar fotografias.
Com o intuito de agregar os conhecimentos adquiridos nas duas outras oficinas, a atividade proposta pedia que os alunos pensassem em algo relacionado ao Instituto, pegassem informações e fotografassem, a fim de publicar o material na fan page do Instituto Hélio Góes, que tem atuação discreta e conta com 433 curtidas. Para isso, contamos com o apoio do sistema computacional Dosvox, que usa uma técnica de voz para fazer a leitura das páginas do computador.
Em virtude de uma grande disparidade de domínio do sistema entre os alunos e do limitado tempo de internet, conseguimos fazer com que apenas um equipe finalizasse todo o processo até a publicação na página da organização. Na ocasião, o tema escolhido por eles foi a própria oficina que estava sendo ministrada. Outros alunos, no entanto, utilizaram os ensinamentos para movimentar os perfis e páginas de projetos pessoais.
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